Setembro rompe cascas
expele flores
flores que fenecem
libertando imemorial palavra
metabolismo dos alfabetos
ciclo fecundo
sem ser signo
sem ser corpo
sem registro de datas
a mineral construção do verso
elemento do caos original
Pelas ruas sem nome
bocas e dentes desfilam fome
geografia do avesso
velocidade dos dias levados na ventania
Entre luzes e avenidas
descaminhos da dor
amor cicatrizado esparrama aroma no ar
ecoa a morte do tempo
sem pudor sem deuses
manipulo derradeiro poema
Vivo, respiro
as cidades, as pedras
metamorfose das cores
arquitetura dos sonhos
perigo de queimar na chama de um fósforo
Em meus dias
guardo calendários embaralhados
livros inacabados
telas grávidas de luz
resistindo fragmentos de sol
circulando nas veias...