domingo, 22 de julho de 2018
Osso da poesia
tardesecapontocom
em preto e branco rastro de nuvens
gritam buzinas
verbete à revelia
rascunhar num pedaço de jornal
o pôr do sol
o sol do poema levado na ventania
anoitecem os verbos
anoitece a sede
anoitecem os créditos
anoitecem os débitos
noite mergulha na noite
orvalho e cheiro duma floresta imaginária
trovões de espadas
Ogum bordado nas estrelas
cidade a desovar deuses de pedra
minha boca seca
livro aberto e signos de concreto
invento campos enluarados
o gotejar do amar
na pele das pedras
na cartografia dos planetas
sou meu próprio irmão.
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Anatomia
o amar transpassa as dobras das horas
noite em camadas
verbo invisível a consumir
a carne da lucidez
na busca do sol
meus dedos de água e sal
cidade e seus sussurros de metal
a poesia germina entre frestas de cimento
esqueletos e ferrugem
o amor esta nu na cama
recomeçar a escrever e lanço-me na quarta-feira finita
despoesia
os pés descalços na rua
a traduzir comoção despudorada
obscena
inquietação pulsa no corpo
II
minha vida
arrancada e salva a ferros
permitiu-me ser com a palavra
e inventar poesia
tradução do existir
palavra com palavra
tijolo perene
minha casa
sangue oxigenando as entranhas
nas escadarias da memória
meus cinquenta e nove anos
saudade de areia cobrindo
cartas esquecidas
fotografias sem data
desassossego na exposição dos segredos
rude revelação
ruas por onde andei
amigos sem endereço
elos desatados
a barba alva
rugas do rosto
brilha no olhar
fulgor de Marte
me faz atônito
reler as palavras
levadas na tarde
cidade vivendo seu normal
bruscamente anoitece
sobre a caneta e papel...
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