Galinha na arvore
Ode a semana de 22
quarta feira qualquer cinzenta e garoava
o amar estava mastigado
as luzes e escuros no apartamento
pinceladas inconscientes
a agua saia gelada da torneira
dois mil e vinte dois
óvnis disparam no céu
versos sem vogais sem tradução
descolorido meu retrato
quarta feira qualquer
uma galinha chocando na arvore
o sol interior
matemáticas do universo
o canto dos eletrodomésticos nos apartamentos
televisamente matam os rios na Amazônia
os índios ancestrais
oke aro caboclo salvemos as matas
qualquer dia chegara a revolução
flechas e fuzil
a favela descomendo o Brazil com z
os fantasmas das senzalas de vela na mão
procissão esculpida por Aleijadinho
o senhor de engenho e sinhá chicoteados de covid
poema escuro abortado nas ruas
esqueletos revelados
pardais brigam por farelos
da janela a favela tem fome
tem fome os andarilhos do centro da cidade
os anjos com espadas
os anjos sem asas
laroye exu cruza as periferias
os recortes na gaveta seus labirintos e pinceladas
minha idade são muitas
sonoridade de uma quarta feira qualquer
em chamas arde a Amazônia
a galinha na arvore
a garoa cinzenta
hora que morre e cores quebradas
omelete oswaldiano....