Em preto e branco
...com as pedras do caminho quebrei vidraças
mosaico das emoções embaralhadas
veredas que nascem comigo
labirintos da memória
guardo nas gavetas chaves
sem serventia resistem flores de arame, zinabre
e bengala
queimei com fósforos o amar
luzes da cidade quebradas no desassossego do verbo
rabiscos d'um poema e sua cegueira
domingo rasgado rolando nas ruas
sementes da poesia adormecem debaixo das folhas mortas
aurora saindo pela boca
aurora saindo pela boca
conheço as dores surdas
conheço a secura do silencio
cortando a carne como faca
erguem-se pretéritos cenários
escrevo sem papel-carbono
chuva fina
versos evaporam pela cidade