Epa Babá
primeira quinzena de maio
assobio do vento na janela
escrevo com caneta nova
anoitecer precoce
eco da televisão no quarto
repetido noticiário
meu desconforto
murmúrio de vozes no hall
arritmia da máquina de lavar
o amor dissolve-se no breu noturno
gostava de datilografar poemas
nenhum publicado
lá fora florida quaresmeira
surrada pelo açoite frio
saudade seca ronda o apartamento
deixando rastros de emoções
calendário riscado
Sons distantes
pelas ruas andrajos humanos
dormem no relento das lajes frias
desejar a presença igualitária do sol
primeira quinzena de maio