Chega o verão
Recebo visitas cantantes na quaresmeira
de repente chuva forte inunda de nostalgia a tarde
claudicantes imagens
roteiro vivido
selos e envelopes beiram o esquecimento
a velocidade da internet faz distante as amizades
Abrupto sol rasga nuvens
arco-íris de Oxumaré
traz sabiá tenor
a confortar o desassossego
dias de pandemia
meu país
desperta o verbo
circula o sangue
meus pés descalços
nas pedras do calendário
vertente dos caminhos
recolho recortes
trazidos no vento
componho imagem do meu rosto
minhas mãos nuas
cidade faminta devora a poesia
o flagelo fascista ronda as cidades
sorrateiro alimenta-se da covardia
invade as mentes
espalha odor putrefato
esconde-se nas sombras cadavéricas
pronto a golpear o amanhã
despertai
despertai
Abaixo o fascismo, democracia sempre !
São 160 milhões de brasileiros mortos pelo vírus da covid 19, próximos do final de ano de 2020 ano que ficara marcado na história da humanidade pelo impacto de mortes nos continentes. Bolsonaro segue inoperante no seu governo sem proposta sem apresentar nenhum rascunho de caminhos para o país, fazendo barulho eleitoral para 2022, bravejando contra a a ciência contra a sanidade politica, escancarando de vez sua plenitude autoritária fascista sendo ovacionado pelo seu publico que é incapaz de ter opinião sobre a realidade e vive cegamente seus dias. Bolsonaro capacho de Trump segue insanamente seu plano de poder que ele gostaria de ser uma ditadura pois desconhece a Constituição ou maldosamente faz parecer que ignora a régia lei do pais levando a nação ao retrocesso e isolamento mundial desdenhando da necessidade de preservar o meio ambiente ignorando os incêndios no pantanal e Amazônia deixando nas mãos dos seus capitães do mato o meio ambiente a favor de latifundiários, grileiros, mineradoras a exploração do território onde estão os indígenas. Os indígenas que vem sendo dizimados, escravizados desde a chegada das naus portuguesas ao pais são incômodos aos interesses dos senhores da senzala travestidos hoje de notórios empresários, banqueiros, políticos os verdadeiros parasitas do Brasil. O governo fascista de bolsonaro deve ser combatido numa frente civil democrática pela defesa da liberdade, da transparência, pelas estancias que nos livram das ditaduras tão apreciadas pelas mentes autoritárias A morte corre as ruas as avenidas do Brasil e bolsonaro desdenha, personagem repugnante , chulo, maldoso sua sede pelo poder não tem limites nem razão, os brasileiros que defendem a democracia aqueles que se dizem oposição precisam mobilizar-se para enfrentar o fascismo crescente que poderá nos levar a caminhos obscuros e perigosos. Sempre democracia para o Brasil !
Anotações
dia 2
os ponteiros do futuro
embaralhados nos cabelos
luz da madrugada adentra a casa
sabia anuncia a vida
bagagem das imagens
o amor com sede percorre o corpo
na fresta do vitro a lua grávida
perfumada de poesia
madrugada quente
revolve imagens televisivas
pantanal, Amazônia entre labaredas
boia no ar o pesar
a angustia
a poesia vaga inútil
o arco solar segue seu ritual
dia 3
barulhos cotidianos
amor diluído
sou perplexidade e cicatriz
as ruas seguem de luto
a morte conjugando vidas
numeral
a página em branco
reclama sujeito e predicado
os livros abertos na mesa
os quadros na parede
os pinceis
as telas
a caixa de giz sem memória
o pequeno vaso
o silencio dos talheres
os véus da noite
o ritmo coronário
o multiplicar das células
reclama a poesia
inventar emoção
desejar o amar
desejar o desamor
desconstruir lembranças
desconstruir cores e sons
espalhar sementes
rabiscar equações
acomodar fuligem e esqueletos
perder-se em longitude e latitude
meus pés
os braços
corpo e sexo
existem na pagina em branco
os alfabetos
os recortes amarelos
os sapatos
os latidos
a bengala e os óculos
as chaves perdidas
os mapas da utopia
as radiografias guardadas
as certidões esquecidas
o sagrado e profano
água e sede
os vetores do infinito
algoritmo da chuva e dos desertos
cicatriz e fome
pagina em branco
invento códigos, compassos, verso destemido,
em paginas em branco
vertentes inacabadas
respiram comigo
Espadas em punho
Agosto 28
vento invade a sala
em dias de elegia amor 3 x 4 espalha-se no corpo
retalhos de vida e morte
desmontar sentimentos acomodados
superar a dor
espelhos estilhaçados
febril poesia
pelos arrepiados
beber as horas
alvorece historia
em dias de elegia
olhar e comover-se no lusco fusco
grito parado no ar
dissolvendo ferrugem dos dias
Amor em desassossego
Ogum, Iansã e a flecha de Oxossi versus os cavaleiros da morte
Ogum capê dã meji dã pelu onibã
Superar calendário de ausências
os lábios secos
revolver a dor
Cópula de versos empilhados
fúria e som
na pele da aurora
Salvação de sombra e luz
luzes da cidade desnudam segredos
despir as maçãs da fruteira
Amplia-se mapa e geografia
faíscas reluzem no espaço
vidas e vozes a superar a morte
dias de embate
resistem as cidades
os homens
assim vivemos
