quarta-feira, 21 de março de 2018
corte e sangue
março escorre no asfalto
rascunho perdido
cidade sob aguaceiro
afogando demônios
mapas submersos
aprendizagem cega do amar
arranhada comoção
subversão e cópula
escrevo para não morrer
entre meus dentes
faca afiada
estilhaços de poesia
sem métrica
sem pudor
corpo d'água
claudicante escrever
apagar calendário
domingo, 18 de março de 2018
deusas do destino
no circulo do relógio
bigodes imigrantes de meu avô
pele negra de minha avó
datas perdidas
trama tecida fio a fio
fios de todas as criaturas
cenários de sombra e luz
no circulo do relógio
meu passo lento e bengala
acumulo de verões
tecer o amar
no circulo do relógio
redemoinho dos antepassados
giram os ponteiros
cegos para o passado
perecem as células
dias de resiliência
aquilo que poderá vir a ser
sexta-feira, 16 de março de 2018
sobre meu corpo
o poema fermenta e cresce
conjugando geografia
simbiose de palavra e som
engrenagens do tempo sem asas
respiro alvorada
verbo trancado na boca
o amor debate-se nas ruas bêbadas de solidão
fugir da ferrugem
cinzenta cidade e barba alva
amor primitivo
incendeia o ar
corpos amantes
ama-me argêntea indiferença
amar alem da carne
exangue
quinta-feira, 15 de março de 2018
terça-feira, 13 de março de 2018
anima múndi
de um ponto na folha de papel
ângulos, retas, curvas, teoremas
planetária geometria
na gota d'chuva espelho dos oceanos
movimento e frase musical
ressonância e furor do fogo, água, terra e ar
a superar o caos
Genitora Gaia
nas mãos sementes de árvores e flores
presente passado futuro
conjugados debaixo das unhas
colados à memória das células
a profusão do porvir
amoroso brilho dos astros
"Eppur si muove"...
múltiplas são as faces do criador
segunda-feira, 12 de março de 2018
Recortes
chuva incansável modela imagens luminosas
espelhos quebrados no asfalto
desafio de escrever verso impermeável
nos olhos da chama
corpo da poesia iluminado
lanço-me argonauta sem bussola
metabolismo dos sonhos
a incendiar geometria urbana
o amor sem esqueleto desperta
rosa e espinho a gotejar
alvorada rubra
Corpo
recolher do momento que passa
fragmentos difusos
urdir simetria da crua poesia
despem-se rascunhos
dicionários
esculpida imagem
verbo embrionário
morder a isca
movimento elétrico das palavras
em cada centímetro da pele
portas entreabrem-se
pétalas de tinta
potes de música
fotografias de luz
fuga da lucidez
procuro ancoras
devoro tua nudez
insólita geometria
a sustentar o peso da galáxia
e o sonho dos peixes
caderno de poesia
entre linhas jazidas de poesia
adormecem com as plantas
os olhos espreitam navios da palavra
oceano com sede
entre linhas
timbre musical comovendo cenário urbano
há muito reporta-se a tragédia
há muito trama-se a morte
escrevemos história dos homens
sem poder olvidar
entre linhas palavra lavra
delírio de lagarta
sons uterinos
movimento das cores
silvo das serpentes
sal da terra
entre linhas arrebatamento e espanto
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