Sentinela
em memória a meu pai
....setembro recortado
em manchas cinzas e elegia
meio-dia o corpo de meu pai jazia
cicatriz aberta sem lágrima
ao pó retornaremos
encerra-se linha do tempo
oxida-se biografia
burocrático registro cartorial
memoria e torvelinho de lembranças
palavras secas
trancadas na boca
enquanto andava pela casa
setembro arrastando-se como cobra entre casas fechadas
entre espelhos cobertos
travessia pesada das horas
levarei serena imagem do rosto paterno
testemunho da saudade
trincado setembro
ferindo as entranhas
a vida renasce na aurora
calendário e passos lentos
volume dos anos
perdem-se as chaves usadas
arquitetura da dicotomia
textura de amizade e resiliência.
perdem-se as chaves usadas
arquitetura da dicotomia
textura de amizade e resiliência.