quinta-feira, 28 de outubro de 2021
sexta-feira, 6 de agosto de 2021
terça-feira, 2 de março de 2021
ganhei do meu pai pé de romã
plantei ao lado da pitanga
semente da arvore plantada por minha avó
hoje são dois arvoredos
minha avó
meu pai
olho da varanda
historia vinda de longe
galhos e folhas esparramados
a mesma arvore
sou pitanga
sou romã
negro e branco
claudicante tracei caminhos
amor e seiva
envelheço
comigo levo retratos ancorados
sou romã
sou pitanga
amalgama de fruto
Ossain
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
noite noite
angustia
a folha em branco
o verso desossado
arrasta sua plumagem
claudica e cai no fosso dos dicionários
submerge ensimesmado junto aos rascunhos não escritos
o calendário marcha
nascem, morrem estrelas, galáxias
planeta no sem fim
meus braços
meu corpo
a aurora trará as palhas de Atotô
a cura pelas ruas do Brasil
homens e mulheres o mesmo brado
poema das espadas
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
chuvoso fevereiro
escorre nos bueiros
inundada periferia
noite de raios e trovões
a bengala
o andador
escorados na parede
dor intermitente
analgésico na gaveta
num minuto reviver semanas na ala de ortopedia
noite sem relógio colada na pele
procuro a poesia inebriante
luto com os fantoches da insônia a rasgar prematuros rascunhos
escuto música
caindo de escadarias
pentagrama torto
bachiana 4 de Villa Lobos
inundando os ouvidos
pedaços de saudade
pedaços de mim espalhados no apartamento
na rua o amor agoniza
minha barba por fazer
eco das distancias
vozes amigas percorrem geografia da memória
noite acasalada na noite
bachiana 4 acalenta a dor
espero o claro dia
cores saindo dos meus dedos e inventar cidade
arquitetura das batalhas
Ogum !
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
azul em esplendor
fevereiro festeja Iemanjá
linha do horizonte
linha do mar
praia vermelha
vejo na tela
flores consagradas a sereia do mar
o povo devoto entrega suas esperanças no azul oceano
as noticias trazem
mortes somadas
dias e noites
paginas em branco
vidas apagadas pelo flagelo mortal
Brasil em nudez esquálida
revelação da epidemia
escancara ferida social
resiste na pele
resiste no tempo
azul e cicatriz
ao abrir a porta
vivemos elegia
subversivos tecemos a vida
domingo, 10 de janeiro de 2021
fraterno
na tarde que cai
o amor ronda a sala
circula o apartamento
devora as sombras
consome as dores
o vazio do peito
impregna-se nos ossos
o amor expande-se com a luz solar
centelha torna-se fornalha
o amor de Oxalá movimenta o coração
Terra a girar
Meus passos lentos
superação de cada dia
amor atlanticando o esplendor dos dias