CADEADO
Guardo pacto secreto
ao parir os primeiros raios do dia
orquestra motorizada ecoa
quantas palavras diluídas
ao conversar com os fantoches da insônia
ao abrir a torneira da pia.
Guardo pacto secreto
lembrar aromas esquecidos
luzes e velocidade
cidade dentro de mim
país dentro de mim
Guardo pacto secreto
as misérias humanas perpetuadas
ansiar a construção das cores
resistimos e ferrugem
pacto secreto
a vida além da vida
sapatos na sapateira
talheres intactos,
livros no pó
caneta morta na mesa
Som coronário
sobrevive rubra palavra
fechadura e chave
invenção inútil levo comigo.