terça-feira, 30 de abril de 2013

Artesão





...do barro nasceu palavra tingida de sangue
vinho da vida correndo veias, artérias
Na construção dos dias 
multiplicação das células 
subversão dos sentidos 
encurralando sombras e luzes
arquitetura da amargura urbana

...do barro nasceu canto de fúria
marcha dos homens a devorar a história 
a mendigar amor
toda a poesia sai para as ruas em rebeldia 
cruzar de espadas no ar.
Ao barro voltarão mitos despidos de suas cascas
promessas de areia
catedrais do poder e verbetes do ódio.
Na memória dos livros
todas as cores que tenho nas mãos
cidade amanhece sem espelhos.

quinta-feira, 25 de abril de 2013



Escrevo, vivo



Gotejar da chuva na janela 
noturno outono d'água
abrindo labirintos 
corpo d'água
com sede de lucidez
emaranhado de paginas e verbo intrépido 
então escrevo, vivo 

O amor debate-se pelas ruas bêbado de solidão
identidades fugindo da ferrugem
acordes urbanos estremecem a carne
cópula da palavra e comoção
magma do amor repousa
sou vertigem
mergulho no oceano das palavras 
escrevo, vivo,
a cidade com seus demônios e anjos desdenha da poesia.   

terça-feira, 23 de abril de 2013

Espelho d'água



...submerso na água 
quieto, surdo, mineral
o poema aguarda amadurecer
chuva incansável
modelando imagens luminosas
na face negra do asfalto.
Submerso na noite
corpo resgatando fragmento amoroso e música metálica
respiro o silencio da casa
releitura de retratos esquecidos
sem caneta espreito aurora romper.
Imerso na noite
os ponteiros do relógio 
versos revolvidos
a nudez das emoções
as cores quebradiças
palavra na boca
minha biografia...

sábado, 13 de abril de 2013



"Só a antropofagia nos une"
Oswald de Andrade

[devoro a palavra]
]devorado pela palavra[

(tupy or not tupy)
libertário ver so 
Oswald não comia brioches
devorava sardinhas 
Amou Tarcila
amou Pagú
"mas tu vieste trazendo-me todas no teu corpo"
memórias de Serafim
oswaldandrade@.com
onde cantavam sabiás
cantam pardais enfumaçados

com tintas, pincéis e borrões
devoro-ti nua na cidade concreta
sexy iracema@.com
O mar vai virar ser tão
brasis em brasa
ser tão veredas (rosa) brasileira
somos   

segunda-feira, 8 de abril de 2013



Papel Canson


Tenho fome de traço, volume, cor
caleidoscópio de imagens
furor iluminando escuridão
dos meus dedos cenários sem fim
intensidade do olhar
reino mudo da emoção


Tenho fome multicor 
insaciável perplexidade
pincel,  lápis, giz, 
profundidade, limites,
mapas do inconsciente
recortes que não cicatrizam
acasalar as cores
desatar amores febris
alimento e verbo tenho !