Chega o verão
Recebo visitas cantantes na quaresmeira
de repente chuva forte inunda de nostalgia a tarde
claudicantes imagens
roteiro vivido
selos e envelopes beiram o esquecimento
a velocidade da internet faz distante as amizades
Abrupto sol rasga nuvens
arco-íris de Oxumaré
traz sabiá tenor
a confortar o desassossego
dias de pandemia
meu país
desperta o verbo
circula o sangue
meus pés descalços
nas pedras do calendário
vertente dos caminhos
recolho recortes
trazidos no vento
componho imagem do meu rosto
minhas mãos nuas
cidade faminta devora a poesia
o flagelo fascista ronda as cidades
sorrateiro alimenta-se da covardia
invade as mentes
espalha odor putrefato
esconde-se nas sombras cadavéricas
pronto a golpear o amanhã
despertai
despertai
