sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013





1969



...sons, cheiros, sentimentos invadem a sala
hora iluminada
olhar desfocado.
Música atemporal abre véu:
retratos em preto e branco
avós, tios, tias, primos,
casa paterna e cadeados abertos
rua de terra, pés descalços a claudicar
goiaba, amora, pitanga, bem-te-vi
bem-te-vi....
algodão-doce, pé-de-moleque, tubaína, correria no quintal.
Mágico rádinho de pilha: Elis Regina, Caetano e Gil, Beathes,
é gol....gol de Tostão, torcida brasileira....
na TV astronauta pisa na lua
bombas incendiárias abriam chagas no Vietnan
cicatrizes e lágrimas desfeitas no brilho de sol
Na rua Luiz Gama
sementes da palavra adormeciam
cores despertavam na tela da imaginação...

Naqueles dias reticentes
impunha-se nas ruas, fábricas, escolas silencio marcial
o amor andava as cegas pelas esquinas
dias de ditadura,  desaparecidos e guerrilha 
na árvore dos anos múltiplos recortes envelhecem meu corpo.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário