Vera e suas cruzes II
Tupã faz despertar a
floresta,
Vera resplandece em cor e
luz
revelando plena beleza
das florestas, dos sertões de águas cristalinas
a correr pelas veredas,
montanhas reverberam
verde vigor.
Acordes,
frases musicais,
passaredo multicor
compondo sinfonia
textura de natural beleza
a encantar as matas, o
espaço azul
sertão e floresta um só
esplendor !
Vera abriga nos braços
fauna e flora expostos ao contrabando multinacional e
cegueira oficial !
Vera desnuda brilha
sensual
atlântico litoral como joia a brilhar
contraste que abala e
estarrece
pululam hediondas favelas
crianças famélicas
pelas cidades
abismo da desigualdade
social !
Vera mastiga amargo fruto
da impunidade
da corrupção
da luxúria ostensiva
Vera perde a candura
condoída fita
Iracema sem identidade
sem lágrimas a perambular na beira da estrada
a prostituir-se.
Ubirajara globalizado
enterra seus deuses ancestrais
quer barganhar sua
reserva.
Vera respira democracia
sem censura, sem cadeira
de dragão
sem opressão a vigiar
ruas, fábricas, escolas
o proletariado é livre
para cantar, protestar, mas caminha
alienado, seduzido pelo
populismo
Proletários despertai !
Vera defenda as florestas
dizimadas por criminosa moto-serra !
Labaredas transformam a
paisagem em pastagem e carvão
trabalho escravo
conflitos de bala e morte
garimpo predador a
destruir, envenenar os rios
Vera exaurida, acuada,
assiste sua riqueza sendo espoliada.
Jovem guerreiro da
floresta e pajé a dançar, mbarakas nas mãos em sintonia
com o sagrado para salvar
pindorama
Dança pajé
ressurja poderoso
guerreiro...
Caipora, Caipora onde
estás ?
Vera rompe a chorar
lágrimas amazônicas
invadindo margens e
várzeas
ruidosa pororocá briga
com o mar.
Do velho continente,
ventos de mal agouro
planejam os piratas e
marines tomar a amazônia
bandeira em brasil
cuspida pelo selo oficial !
O espectro de Antonio
Conselheiro brada delírio pelas caatingas
levantar o quinto império
os
guerreiros de de Dom Sebastião impotentes não libertarão
das
cruzes Vera
e seus filhos.
Abaixo do Equador
muitos pecados por rasgar
!
Vera atônita assiste nos
palácios de Brasília novos senhores de engenho enebriados
na demagogia, finória hipocrisia, praticar chicanas, trafego de interesses,
despudorados saqueiam
riqueza nacional, dividem baú colonial
depois lavam as mãos
bandeira em brasil
auriverde desbotada !
Oh ! Vera ! Despe-se dos
bastardos que continuam a prostituir tua carne !
Vera sofrega com o peso das cruzes busca em seu clamor justiça social
independência real,
tecer límpida flâmula !
Ecoam os ataques
urge erguer quilombos de
cidadania
Vera ergue tuas mãos
para transformar a nação
vibra o berimbau...
Nas capitais opulência e
miséria irmanadas
compondo estigma barroco
a estagnar o sangue de Vera !...
Nas periferias floresce
o narco trafego, a fábrica da fome
violência e opressão
para os pobres
ufana ideologia fomentada
por reluzente burguesia.
Vera evoca os Orixás
ecoam nos terreiros
cantos e atabaques
Olorum despertai o povo
para a cidadania e dignidade
vamos saravar !
Abram a gira a abençoar
os filhos de Vera...
Oxum guardai nossas
riquezas da ambição estrangeira !
Oxossi ! Com teu arco e flecha protegei as florestas da poderosa máquina financeira.
Ogum ! Levantai tua
espada contra a corrupção palaciana...
Ibeji ! Protegei nossas
crianças com a saúde, o abrigo de um lar
Yansãm ! Limpa com
energia a imundice de nossa auriverde flâmula !
Dançam os Orixás
ecoam os atabaques
saravá Oxalá !
Vera afasta de ti esse
cálice de doente aguardente !
Pinte tuas faces como os
guerreiros da mata, ti acerca dos guerreiros de Ogum e sejamos
senhores da história,
livres da servidão!....
Com o imponente jatobá
com a resistência da
arueira
viola nas mãos a pontear
forte canção
brava gente brasileira !
Nossas mãos a semear o
florescer de pungente nação
liberta será Vera de
suas cruzes !
brava gente brasileira
!!....
2009
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