quinta-feira, 16 de maio de 2013


Vera e suas cruzes II


Tupã faz despertar a floresta,
Vera resplandece em cor e luz
revelando plena beleza das florestas, dos sertões de águas cristalinas
a correr pelas veredas,
montanhas reverberam verde vigor.
Acordes, frases musicais,
passaredo multicor compondo sinfonia
textura de natural beleza
a encantar as matas, o espaço azul
sertão e floresta um só esplendor !

Vera abriga nos braços fauna e flora expostos ao contrabando multinacional e
cegueira oficial !
Vera desnuda brilha sensual
atlântico litoral como joia a brilhar
contraste que abala e estarrece
pululam hediondas favelas
crianças famélicas pelas cidades
abismo da desigualdade social !

Vera mastiga amargo fruto
da impunidade
da corrupção
da luxúria ostensiva
Vera perde a candura
condoída fita
Iracema sem identidade sem lágrimas a perambular na beira da estrada
a prostituir-se.

Ubirajara globalizado enterra seus deuses ancestrais
quer barganhar sua reserva.


Vera respira democracia
sem censura, sem cadeira de dragão
sem opressão a vigiar ruas, fábricas, escolas
proletariado é livre para cantar, protestar, mas caminha
alienado, seduzido pelo populismo
Proletários despertai !

Vera defenda as florestas dizimadas por criminosa moto-serra !
Labaredas transformam a paisagem em pastagem e carvão
trabalho escravo
conflitos de bala e morte
garimpo predador a destruir, envenenar os rios
Vera exaurida, acuada,
assiste sua riqueza sendo espoliada.
Jovem guerreiro da floresta e pajé a dançar, mbarakas nas mãos em sintonia
com o sagrado para salvar pindorama
Dança pajé
ressurja poderoso guerreiro...
Caipora, Caipora onde estás ?
Vera rompe a chorar
lágrimas amazônicas
invadindo margens e várzeas
ruidosa pororocá briga com o mar.

Do velho continente, ventos de mal agouro
planejam os piratas e marines tomar a amazônia
bandeira em brasil
cuspida pelo selo oficial !
O espectro de Antonio Conselheiro brada delírio pelas caatingas

levantar o quinto império
os guerreiros de de Dom Sebastião impotentes não libertarão das cruzes Vera
e seus filhos.


Abaixo do Equador
muitos pecados por rasgar !
Vera atônita assiste nos palácios de Brasília novos senhores de engenho enebriados
na demagogia, finória hipocrisia, praticar chicanas, trafego de interesses,
despudorados saqueiam riqueza nacional, dividem baú colonial
depois lavam as mãos
bandeira em brasil
auriverde desbotada !
Oh ! Vera ! Despe-se dos bastardos que continuam a prostituir tua carne !
Vera sofrega com o peso das cruzes busca em seu clamor justiça social
independência real,
tecer límpida flâmula !

Ecoam os ataques
urge erguer quilombos de cidadania
Vera ergue tuas mãos para transformar a nação
vibra o berimbau...
Nas capitais opulência e miséria irmanadas
compondo estigma barroco a estagnar o sangue de Vera !...
Nas periferias floresce o narco trafego, a fábrica da fome
violência e opressão para os pobres
ufana ideologia fomentada por reluzente burguesia.

Vera evoca os Orixás
ecoam nos terreiros cantos e atabaques
Olorum despertai o povo para a cidadania e dignidade
vamos saravar !
Abram a gira a abençoar os filhos de Vera...
Oxum guardai nossas riquezas da ambição estrangeira !


Oxossi ! Com teu arco e flecha protegei as florestas da poderosa máquina financeira.
Ogum ! Levantai tua espada contra a corrupção palaciana...
Ibeji ! Protegei nossas crianças com a saúde, o abrigo de um lar
Yansãm ! Limpa com energia a imundice de nossa auriverde flâmula !


Dançam os Orixás
ecoam os atabaques
saravá Oxalá !
Vera afasta de ti esse cálice de doente aguardente !
Pinte tuas faces como os guerreiros da mata, ti acerca dos guerreiros de Ogum e sejamos
senhores da história, livres da servidão!....
Com o imponente jatobá
com a resistência da arueira
viola nas mãos a pontear forte canção
brava gente brasileira !
Nossas mãos a semear o florescer de pungente nação
liberta será Vera de suas cruzes !
brava gente brasileira !!....


2009



Nenhum comentário:

Postar um comentário