sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


ESPADA DE OGUM

É noite no meu país
meu país são meus braços
pernas claudicantes
É noite sem limites no coração
meu coração paulista, mineiro, baiano, amazônico também.

É noite no meio da mata
no meio da oca
velho cacique a evocar os deuses
floresta arde nas chamas
águia real em fuga
rios contaminados,
envenenam as lágrimas do manatim.

Mogno contrabandeado
emoldurando nobre côrte
Deus salve os piratas”...
No meu país sou branco, negro, mulato, índio,
É noite na Avenida Paulista, na periferia, no agreste, no pampa gaúcho,
e´noite sem luar,
noite de ferrugem e sal.

Auriverde capitania
triturada feito bagaço de cana
novos senhores da senzala
em vil aliança mercantil
prostituem as riquezas do Brasil
chafurdam na corrupção e mazelas
infame episódio
sustentando quinhentos anos servil.




Auriverde capitania
sangra pau-brasil
sua acorrentada história
no meio das cidades
meninos descalços
meninos prostituem-se
meninos famélicos
morrem de verminose, overdose,
pátria que os pariu...

No coração do Brasil
dançam os orixás
saravá Oxossi, Iemanjá, Ibeji, Jurema, Xangô,
Yansam,

saravá preto velho, baianos,
Oxalá,
lavando a dor,
lavando o pus,
espada de prata gira no ar !
Ogum e seus guerreiros.
Brilha espada de Ogum a desfazer noite de chicanas,
sombras, usuras no planalto central...
No céu brilha cruzeiro do sul
erguer inconfidente bandeira
refazer a luz de cada dia
construir com as mão novo Brasil !





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